'Bicicleta no Brasil
sempre foi um negócio de pobre', diz executivo.
Perfil
de usuário muda e empresa investe em modelos mais sofisticados.
Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo
A expansão das
ciclovias e ciclofaixas, e o aumento do uso da bicicleta para lazer e como meio
de transporte não por falta de opção, mas por escolha, já tem produzido
resultados no faturamento da Caloi: a maior fabricante de bicicletas do país
registrou no 1º semestre um crescimento de 40% nas vendas.
A companhia, que
passou a investir em modelos mais confortáveis e sofisticados, prevê
comercializar no ano 1 milhão de unidades, o que representará um faturamento em
torno de R$ 300 milhões e crescimento anual de 25% no número de bicicletas
vendidas.
Eduardo Musa, presidente da Caloi. |
Estamos confirmando
um crescimento no faturamento de 40% no 1º semestre. Devemos fechar o ano em
30% porque não temos capacidade para atender toda a demanda e porque crescer
sobre a base do segundo semestre, que é maior, é muito mais difícil”, afirma o
presidente da Caloi, Eduardo Musa.
A Caloi fechou o
ano de 2010 com 800 mil biciletas vendidas e faturamento de 212 milhões, com
alta de 15% em relação a 2009. “Somos a maior fabricante de bicicletas fora
do leste asiático. Não há ninguém que produza conjuntamente 1 milhão de
unidades fora da Ásia e que esteja crescendo numa taxa de 30%”, afima
Musa.
Ele lembra, porém,
que a companhia passou 5 anos no vermelho e só voltou para o azul em 2009. “Na
verdade, o mercado alvo da Caloi é que está crescendo. Quando o mercado virou
para o médio e alto valor agregado, éramos a única empresa no Brasil preparada
para atender essa nova demanda, que está sendo atendida também pelo aumento das
importações”, acrescenta.
Segundo o
executivo, o que está ocorrendo tanto no Brasil como na China e na índia é uma
mudança no perfil de quem anda de bicicleta e nos produtos que estão sendo
vendidos. Ele destaca que, se por um lado aumenta a presença de ciclistas nas
metrópoles, por outro cai nas pequenas cidades e nas áreas rurais o uso da
bicicleta como meio de transporte.
“A balança está zero a zero. O mercado não cresce em termos de unidades”, diz Musa. “A Caloi já chegou a produzir mais de 2 milhões de bicicletas no final dos anos 80 e começo dos 90”, afirma.
Dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) mostram que o mercado brasileiro, apesar de ser o 5º maior do mundo, está estagnado há mais de uma década. A associação prevê uma produção nacional de 5 milhões de unidades em 2011 - queda de cerca de 5% em relação ao ano passado. Já para as importações, a estimativa é de um crescimento de quase 100%, com um total de 480 mil unidades, contra 255 mil em 2010.
“A balança está zero a zero. O mercado não cresce em termos de unidades”, diz Musa. “A Caloi já chegou a produzir mais de 2 milhões de bicicletas no final dos anos 80 e começo dos 90”, afirma.
Dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) mostram que o mercado brasileiro, apesar de ser o 5º maior do mundo, está estagnado há mais de uma década. A associação prevê uma produção nacional de 5 milhões de unidades em 2011 - queda de cerca de 5% em relação ao ano passado. Já para as importações, a estimativa é de um crescimento de quase 100%, com um total de 480 mil unidades, contra 255 mil em 2010.
Bicicleta vira sinônimo de 'status'
“O negócio de bicicleta no Brasil sempre foi um negócio de pobre”, afirma Musa, destacando que o maior volume de bicicletas ainda está nas pequenas cidades. “Quando a pessoa sai da zona rural e vai para a cidade, ela não leva a bicicleta. Passa a usar transporte coletivo e quando ganha um dinheirinho compra moto, carro. Bicicleta [para essa pessoa] é sinônimo de pobreza”, acrescenta o executivo, lembrando que nos últimos anos entraram mais carros nas cidades do que bicicletas.
“O negócio de bicicleta no Brasil sempre foi um negócio de pobre”, afirma Musa, destacando que o maior volume de bicicletas ainda está nas pequenas cidades. “Quando a pessoa sai da zona rural e vai para a cidade, ela não leva a bicicleta. Passa a usar transporte coletivo e quando ganha um dinheirinho compra moto, carro. Bicicleta [para essa pessoa] é sinônimo de pobreza”, acrescenta o executivo, lembrando que nos últimos anos entraram mais carros nas cidades do que bicicletas.
A
consciência ecológica e as iniciativas de estímulo ao uso da bicicleta,
entretanto, têm compensado o movimento de abandono do uso da bicicleta pelas
classes mais baixas e aquecido o mercado de produtos mais sofisticados. Segundo
o executivo, esse 'fenômeno' é mundial e tem feito com que a bicicleta comece a
ser associada também à condição de ‘status social’.
“Quem está andando de bicicleta na ciclofaixa, indo trabalhar, não é pobre, muito pelo contrário”, diz Musa. “Antes, ter carro era sinônimo de ser rico e de país desenvolvido. Isso está mudando. Hoje, país moderno, de vanguarda, é país que anda de bicicleta”.
“Quem está andando de bicicleta na ciclofaixa, indo trabalhar, não é pobre, muito pelo contrário”, diz Musa. “Antes, ter carro era sinônimo de ser rico e de país desenvolvido. Isso está mudando. Hoje, país moderno, de vanguarda, é país que anda de bicicleta”.
Para ele, o
fenômeno da ciclofaixa em São Paulo ainda é muito mais de lazer do que de
transporte. “Imagine a ciclofaixa funcionando de segunda a sexta. Aí sim vamos ter
um boom no crescimento das vendas de bicicleta”, avalia.
Unidade CALOI - MANAUS |
Foco em modelos mais
confortáveis - Lançado em 2009, o segmento mobilidade já responde por 16 dos 46 modelos de
bicicletas para adultos do portifólio da Caloi e tem tudo para desbancar o
reinado das mountain bikes.
Com diferenciais
como guidão mais alto, banco mais largo e macio, pneu liso e melhor ergonomia,
o conceito busca oferecer modelos mais confortáveis e mais adaptáveis ao
cenário urbano. A idéia é cada vez mais transformar as bicicletas em “desejos
de consumo”. Para as festas de fim de ano, por exemplo, a Caloi prepara o
lançamento de uma linha retrô.
“O foco do
desenvolvimento de produtos da empresa está hoje neste modelo. O portifólio de
mobilidade vem dobrando a cada ano e o das outras estão estáveis ou até caindo”, diz Musa.
A empresa não
revela o número das vendas deste segmento por “razões estratégicas”. E empresa
também desconversa sobre um possível oferta pública inicial (IPO) de ações.
“Não comento sobre esses assuntos”, diz Musa.
A Caloi possui duas fábricas no país. A produção de produtos
infantis é concentrada em Atibaia e todo o restante é feito na fábrica de
Manaus. Nas fábricas da empresa são produzidos peças como rodas, canote e
guidão, e trabalhos de solda de quadros. “A gente faz o chassi. Tudo que é
componente é importado”, explica Musa. Os itens importados representam entre
30% e 90% do custo da bicicleta, dependendo do modelo.
A Caloi estima ter
hoje 50% do market share de bicicletas posicionadas acima de R$ 300. A marca
costuma ser a opção premium nos grandes magazines e praticamente a única
alternativa brasileira às importadas nas lojas especializadas.
Outro fator que tem
beneficiado a empresa é a mudança no preço do produto inicial. Nos últimos
anos, como a elevação dos custos das peças e componentes importados, o preço
mínimo mais do que dobrou nas pequenas montadoras, enquanto a Caloi, que sempre
teve um preço maior, manteve seus produtos quase que no mesmo patamar. Fora
isso, concorrentes como Monark e Sundown desativaram suas unidades em Manaus e
praticamente desapareceram do mercado.
'Exportação zero' em 2011 - Apesar dos bons resultados, a participação da Caloi no mercado internacional
ainda é quase insignificante. Em 2010, a empresa exportou cerca de 10 mil
unidades. Neste ano, a empresa diz ainda não ter fechado nenhuma venda para
fora.
G1 - Observe o quadro de produção |
“Eu não exportei nenhuma
bicicleta até hoje, nada, é zero. Não tenho nenhum pedido ainda”, afirma Musa. “Você tem que competir com a
China e é muito difícil com o dólar do jeito que está”, explica.
Já as importações de bicicletas dispararam no Brasil neste
ano. Segundo a Abraciclo, de janeiro a abril foram trazidas do exterior 89.176
bicicletas, uma alta de 109% em relação às 42.742 unidades vendidas no mesmo
período de 2010. A associação estima o número chegará a quase 500 mil em 2011,
o que corresponderá a cerca de 10% das vendas no país.
“Em valor pode ser
mais do que 20%. Por isso que eu estou bravo”, afirma Musa, que é
vice-presidente da Abraciclo.
O setor encaminhou ao governo uma proposta defendendo a elevação das alíquotas de importação de bicicletas de 20% para 35%. A Caloi também está em campanha para transformar Manaus em um pólo mundial de fabricação desse meio de transporte.
A idéia é atrair
para a cidade tanto mais montadoras como fabricantes de partes e componentes,
hoje importados principalmente da China, e com isso tentar abocanhar parte do
mercado ocupado pelos asiáticos, sobretudo no segmento de maior valor agregado.
A segunda maior fabricante de bicicletas do país, a piauiense Houston, já
anunciou que irá instalar uma unidade em Manaus.
"Para pegarmos
um pedaço do mercado internacional, precisamos ter um cluster de produção e
aumentar o tamanho de montagem, para ter escala e atrair os fabricantes de
componentes", afirma Musa. “Hoje a gente não participa do mercado mundial.
A gente exporta zero. Já a China exporta 55 milhões de unidades por ano”, explica Musa.
Opinião - Em resumo, o perfil do ciclista brasileiro mudou
e buscando qualidade de vida houve uma procura massante por bicicletas nos últimos dez anos, porém, nossa indústria se restringe a CALOI que faz bicicletas populares e
assim, há uma busca por importadas (Giant, Scott, Pinarello ...) Essa busca
pelas importadas daria-se para enumerar vários fatores no nível de qualidade
dos componentes, quadro e qualidade do conjunto em si.
De olho nesta mudança, afinal a CALOI
atende a apenas um perfil de consumidor, tende a buscar um outro tipo de
consumidor. Com o aumento da alíquota, tenta brecar as importações e
ganhar consumidores para um novo tipo de mercado que a empresa tenta abocanhar
além de forçar as indústrias de componentes virem se instalar na Zona Franca de
Manaus. A Caloi, então, com uma medida, consegue dois objetivos: o mercado e o consumidor.
No final das contas, o custo ficará com os consumidores, visto que as
importadas ficarão mais caras e no mercado nacional apenas temos a CALOI (vamos aguardar qual resposta o mercado dará a Soul).
Dinara Lima
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